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Domingo, 7 de Dezembro de 2014

Alguém se lembra do ébola?

Não, não venho escrever sobre Sócrates. A Justiça que fale por si, como é sua obrigação. Venho escrever sobre um tema que me encanita como uma perturbadora rinite de mudança de estação: a histeria da actualidade. A histeria de tudo comentar. Acrescento: de tudo comentar com timbre de profundo conhecedor. A histeria de todas as semanas, de todas as horas nos tornarmos especialistas em qualquer coisa. Anteontem sabíamos imenso de frentes islâmicas, ontem éramos ebólogos, hoje somos penalistas. Amanhã seremos especialistas em esquilos. Não ajuda.

 

Pergunta-se: depois daquelas semanas em que toda a gente se pronunciava sobre o ébola, alguém ainda se preocupa com o ébola? Temo que não – e isso é algo que deixa sozinhos os africanos que ainda vivem focos infecciosos extremos. Agora que já deixou de passar nas notícias é problema deles. Que se arranjem e se safem. Agora só nos focamos no prato do dia e que se danem todas as iguarias da ementa.

 

Proponho uma ditadura (já era tempo): a de só falarmos de um assunto duas semanas depois de acontecer. Sejamos comentadores que chegam tarde às matérias, que evitam pôr o dedo no ar para deixarem sair mais uma ruidosa sentença, mais um comentário de uma sapiência tão aparatosa como vazia. Que andam à bulha como catedráticos de manchete.

 

Revejo a posição: não é proposta ditatorial. Ditadura é estar sujeito ao fascismo daquilo que é imposto mediaticamente, segundo a segundo, e que as multidões vão seguindo e analisando como quem segue um impostor interessado em ter a atenção toda. Em dominar. É urgente ir para a clandestinidade da reflexão lenta, fugir da propaganda de rodapé, abandonar essa patológica obrigação de nos licenciarmos (ao domingo também) em todas as disciplinas que não dominamos. O silêncio agradece.

 

(Publicado na revista Sábado)

publicado por Nuno Costa Santos às 21:10
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