. Pelos caminhos de Portuga...
. Alguém se lembra do ébola...
. Espécie de Kipling de Set...
. Espera aí que no fim do m...
O taxista ignorou as Shakiras e os Timberlakes (nem um serpentear de ombos nem nada) e abanou a cabeça como se não houvesse amanhã quando ouviu "Boys Don't Cry", pano de fundo de uma promo ao concerto dos Cure.
A minha imagem de marca é o saco de plástico. Se o Joe Berardo veste negras fatiotas e o Sartre fazia-se transportar de cachimbo lascivo-existencialista, eu trago um saquinho na mão. Tenho, por omissão lamentável, negligenciado o hábito nestes dias. Ontem voltei a ser o que era: cheguei à repartição com um gordo saco, afundado de jornais e papelada. O facto foi notado pelo funcionário que se senta ao meu lado. Escusava era de ter registado, em pose satírica, dois "novos" e "lamentáveis" sinais de cariz metrossexual: uma agenda moleskine e o último número da Time Out.
Acabou-se a era dos interrutores. Hoje, até na tasca mais ranhosa a luz acende-se sobre o cidadão quando este abre a porta da casa de banho. Digamos que é uma forma de estrelato menor mas não deixa de ser uma forma de estrelato.
"Indignar-me é o meu signo diário./ Abrir janelas. Caminhar sobre espadas./ Parar a meio de uma página,/ erguer-me da cadeira, indignar-me/ é o meu signo diário".
Fernando Assis Pacheco, "Poeta no Supermercado"