. Pelos caminhos de Portuga...
. Alguém se lembra do ébola...
. Espécie de Kipling de Set...
. Espera aí que no fim do m...
Sem ruído
O procurador-geral da República não usa palavras caras e elaborados termos técnicos quando se refere às escutas telefónicas. Usa antes uma linguagem simples, de corredor, de café, de centro comercial, de ginásio, de oficina. Fala em barulhos esquisitos no telemóvel e recorda aos mais distraídos que há lojecas na cidade onde é possível comprar aparelhos para escutar os outros, de forma ilegal e inadmissível. Fala do assunto como nós falamos, no nosso dia-a-dia de conversetas várias. Com a nossa preocupação, com as nossas bocas. Com o nosso medo. Sim, pode dizer-se que, pelo cargo que ocupa, o senhor devia ter outros cuidados na forma. Mas, ainda assim, neste caso é preferível um procurador que seja capaz de falar de forma corriqueira de um problema que parece estar fora de controle do que um professor de Direito de Coimbra. Ou por outra: o homem não quer que ouçam as conversas que tem com quem bem lhe apetece. Nós também não. E - para utilizar as palavrinhas do momento - é mais útil tratar do assunto sem interferências. Sem ruído.
O Dailai Lama dos Freaks
Sim, houve o expectável fogo de artifício de "Because the Night", "Glória" e "Pissing in a River". Mas o momento mais forte do excelentíssimo concerto de Patty Smith foi quando a diva do Rock desceu ao público para cumprimentar, um a um, os cidadãos presentes. Foi aí que ficou claro que não estávamos num vulgar espectáculo, mas sim no encontro maior de uma geração de lusitanos rebeldes e nostágicos. Numa uma espécie de reunião de antigos alunos, formados, nos idos de 70, no desvario punk-rock de Patty and friends. Patty é o Dailai Lama dos freaks. Mesmo daqueles - e eram tantos - que traziam por cima dos ombros o pulôver beto e guardavam no bolso das calças Façonnable as chaves do apartamento em Telheiras.